O processo educacional mundial passa atualmente por sérias dificuldades. Isto porque os nossos jovens estão cada vez mais inteligentes e com menos tempo para absorver todas as informações acumuladas ao longo dos anos (4). É sabido que a quantidade de informações técnicas explodiu neste final de século e o tempo disponível continua o mesmo do começo do mundo. O dia continua tendo 24 horas, assim como os nossos cursos de graduação que mantém o mesmo número de horas aula dos anos 50.
O grande desafio é: Como transferir mais conhecimento num menor tempo disponível sem causar a angústia do excesso de informação (5)? Existem pelo menos duas possibilidades: Ou aumentamos o tempo dos nossos cursos de graduação ou construímos sistemas rápidos de transferência do conhecimento. Esta segunda alternativa nos parece mais recomendável e para tanto nós professores necessitamos perder o medo e conhecer profundamente as novas tecnologias disponíveis para a área de educação.
Se não exercitarmos a criatividade e sugerirmos profundas mudanças nos paradigmas vigentes correremos o risco de sermos sufocados pelo excesso de informações, além de formarmos alunos despreparados para o mercado de trabalho. Uma das saídas que nos parece mais viável no momento é construirmos novas alternativas de transferência do conhecimento.
É sabido que quem lê aprende 20%, quem lê e vê cerca de 40%, quem lê, vê e interage 75% (3). Dessa forma, não se admite mais utilizar ferramentas nas aulas que não estimulem os órgãos dos sentidos em seus múltiplos aspectos. Para tanto, o uso de mídias associadas como ferramentas de trabalho em sala de aula é, no momento, a única saída para mantermos a qualidade do ensino (1,2).
Assim, o uso do papel associado ao vídeo, ao CD-ROM ou às páginas da Internet certamente contribuirão para uma transferência mais rápida das informações. A montagem deste conjunto de mídias deve ser feito com muito critério e com projetos diferenciados entre o papel e as demais mídias. Esta proposta pode ser composta de um livro texto acompanhado de um vídeo e um CD tendo por convergência e interface final as páginas da Internet (2).
O livro deve possuir uma linguagem objetiva, clara, concisa e não dispor de imagens, tabelas, esquemas, etc. O formato didático deve ser o mesmo do vídeo e do CD-ROM a fim de facilitar o entendimento pelo aluno. O papel deve conter informações atualizadas e profundas e chamar a atenção para imagens disponíveis nas outras mídias.
O vídeo deve ser roteirizado com a supervisão do professor, sem no entanto ter uma duração superior a 15 minutos. Com apenas este tempo disponível deve ser salientado que não se trata de uma aula filmada sendo o professor o seu artista principal. Neste caso, o professor será apenas o orientador, sendo o responsável direto pelo conteúdo das informações, bem como pela seqüência didática a ser seguida. Em decorrência do tempo escasso o vídeo costuma não ter informações profundas, tendo por objetivo básico dar ao usuário uma visão panorâmica geral do tema. Trata-se portanto, de excelente ferramenta introdutória a qualquer assunto em questão.
O CD-ROM pode e deve conter informações aprofundadas, mesmo porque o recurso da impressão de páginas deve estar presente. Neste, poderão ser disponibilizados textos, imagens estáticas e dinâmicas, esquemas, animações, vídeo clipes, locuções, etc. Além disso, deve ser interativo com as páginas da Internet especialmente selecionadas.
Deve-se ter extremo cuidado na construção desta mídia, uma vez que o projeto necessariamente deve ter uma porta de entrada e uma de saída com navegações opcionais entre o linear e não linear. Deve-se dar preferência a navegação do tipo linear e o aluno deve ser conduzido página a página a fim de se chegar a um final sem que ele se perca pelas diversas opções que a navegação não linear proporciona.
Durante a navegação linear, ou seja de maneira semelhante às páginas de um livro, cada bloco de conteúdo não deve exceder 10 a 12 telas, pois caso contrário tornar-se-á extremamente cansativo para o usuário. Ao final de cada conjunto de telas poderá ser disponibilizado ligações com a Internet e possibilidade de realização de testes de auto-avaliação.
A interatividade entre o CD-ROM e a Internet é hoje uma ferramenta bastante comum e disponível. Uma das inegáveis vantagens da Internet é a possibilidade de se fazer avaliação à distância ou não presencial.
No meu ponto de vista, assunto estudado e avaliado é igual a aluno aprovado ou não. Dessa forma, a avaliação final é dispensável, uma vez que o aluno iria fazendo as avaliações durante o curso, em cada assunto disponibilizado. Não se justifica mais as terríveis provas finais. Entendo que após estudar-se com as ferramentas construídas com recursos de multimeios a avaliação poderá ser feita pela Internet. As vantagens são muitas, uma vez que o sistema permite dar mais de uma chance ao aluno. Quando este tenta uma nova oportunidade de avaliação o sistema embaralha as questões de tal maneira que não haja prova similar ou questões repetidas Ao final é possível disponibilizar a média das provas de maneira (online).
E aí dirão os conservadores: quando será feita a criação da consciência humana? Pois é, para a reflexão sobrará muito mais tempo. Ou seja, se o usuário pode levar para casa o material didático ou freqüentar o laboratório de informática de madrugada, sobrará tempo durante o dia para os seminários de reflexão. O professor terá mais tempo e prazer em trabalhar as reflexões da classe, isto porque esta estará mais preparada para discutir o assunto. O rendimento neste caso, será bem superior ao das aulas tradicionais.
Uma outra questão é: o professor perderá o seu emprego e será substituído pela máquina? Saliento que o professor nunca perderá o seu emprego pois, só ele é detentor do saber. Todo sistema didático, por mais avançado que seja, só poderá ser construído se houver o professor supervisionando. Além disso, o sistema necessita de atualizações periódicas e isto só o professor será capaz de fazer. Dessa forma, o emprego estará garantido e nesse caso teremos ainda um produto final -o profissional formado- melhor qualificado para enfrentar os desafios da atualidade.
É preciso ter coragem para mudar! O século é de mudanças e o nosso jovem já vem para a Universidade devidamente mudado, quer seja pelas novas metodologias dos colégios, quer seja pelo ambiente dos cursinhos.
Por fim, deve ser salientado que o uso de mídias associadas na transferência do conhecimento irá contribuir e complementar o ensino presencial.
Referências bibliográficas
1-BARRAVIERA, B. Editoração eletrônica científica: apostando em uma nova mídia. Editora Fundibio, Botucatu, 1997, 222p.
2-BARRAVIERA, B. MARINS, L.V., SZPEITER, N. Vacinas contra vírus. Editora de Publicações Biomédicas, Rio de Janeiro, CD-ROM, 2001.
3-LINDSTROM, R.L. Guia business week para apresentações em multimídia. Editora Makron Books, São Paulo, 1994, 485p.
Leia também:
4-VEJA. O poder da inteligência. Editora Abril, São Paulo, Ano 34, No. 25, pp.92-9, 2001.
5-VEJA. A angústia do excesso de informação. Editora Abril, São Paulo, Ano 34, No. 35, pp.62-6, 2001.
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